terça-feira, 2 de fevereiro de 2016


ANOREXIA SENTIMENTAL

Eu me encolho; me recolho: eu me escolho assim
Translúcida; transparente completamente indiferente
Por entre os cantos; por entre as frestas escondo-me de mim
Deslizo lenta e densa pelas superfícies... silenciosamente

Imperceptível e imutável, transito por entre os dias
e atravesso noites em dormentes insones madrugadas
Dispersa, dispenso os “ais” de amores que eu sentia
Quando a alegria me esbarra, fujo dela assustada

Debruço-me, por sobre meus porões escuros
varrendo-me ao pó de minhas gavetas, agora trancadas
Não abro janelas; fecho as portas; levando meus muros
Dobro-me em envelope de manuscritos e cartas não assinadas

Feia fachada fechada, finda ao completo esquecimento
Este, meu momento presente, minha escolha por ora
Nego-me ao toque... a qualquer tipo de encantamento
Sigo só, eu... e minha alma que infelizmente, ainda chora

(Poesia classificada em 2º lugar no II Prêmio Cantinho Girassol de Poesia - 2015)

Lia Lopes

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